Mãe de aluna morta em Cambé pede força para jovens voltarem às aulas: ‘Não sou a única mãe que está sofrendo, muitas já sofreram’

“Voltem pela Karol, pelo Luan e por todas as vítimas que sofreram isso no Brasil e no mundo. Não sou a única mãe que está sofrendo, muitas mães já sofreram […] O amor que deveria mover o mundo, não o ódio”, disse.

 

Estas foram as palavras de Keller Alves, mãe de Karoline Verri Alves, 17 anos, estudante morta no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, norte do estado.

Um ex-aluno, de 21 anos, entrou no colégio e disparou tiros contra estudantes na manhã de segunda-feira (19). Karoline foi atingida na cabeça e morreu no local. O namorado dela, Luan Augusto, também foi baleado na cabeça, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

 

Keller contou que quer deixar o legado da filha e do namorado para os jovens. Ela pediu para que os jovens brasileiros tenham força para voltar às aulas e lutem pelo amor.

 

“Amem seus filhos! Amem, aproveitem, levem seus filhos para Deus. A minha filha era uma menina de Deus”.

 

Religiosidade

Karoline e Luan eram namorados há cerca de um ano e membros ativos da igreja. A mãe de Karoline contou que, por várias vezes, encontrou a filha fazendo orações em chamada de vídeo com o namorado.

 

“Ela lutava para viver a castidade no namoro […] Ela lutava a favor da vida em todas as circunstâncias e ela era uma menina de oração”, falou.

A mãe lembrou que o nome de Karoline tem a ver com a fé da família.

 

Keller relatou que a menina foi diagnosticada com um problema no rim enquanto estava no ventre. A gravidez ocorreu no mesmo ano em que o Papa João Paulo II morreu.

 

Como a filha nasceu com saúde, a mãe escolheu o nome Karoline em homenagem ao verdadeiro nome do pontífice, que se chamava Karol Józef Wojtyla.

 

“Quando a minha filha nasceu, ela nasceu perfeita, então por isso a homenagem a ele”, disse.

 

Aulas na rede estadual foram retomadas

A rede estadual de ensino em Cambé, no norte do estado, retomou as aulas nesta quinta-feira (22), três dias após um assassino ter matado os alunos. O Colégio Estadual Professora Helena Kolody, onde o crime aconteceu, continua fechado.

 

De acordo com comunicado da Secretaria de Estado da Educação que a RPC teve acesso, as aulas no colégio ficam suspensas até sexta (23) e devem ser retomadas na próxima segunda-feira (26).

 

Na rede municipal de ensino, as aulas continuam suspensas. Até esta publicação ir ao ar, a prefeitura não tinha informado data para retorno.

 

Na terça-feira (20), o secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, disse que a Polícia Militar (PM-PR) vai reforçar a segurança de colégios estaduais com novos policiais militares, que estão se formando. São aproximadamente três mil agentes.

Na manhã desta quinta, a RPC esteve em três colégios estaduais da cidade. Em dois deles não havia policiamento.

Despedidas

 

No enterro de Karoline e Luan, uma multidão acompanhou as últimas homenagens, marcadas por forte comoção.

 

Em depoimento no mesmo dia da prisão, o criminoso disse que não conhecia os estudantes.

 

O pai de Luan disse que o sonho do filho era ser perito criminal. A família disse que até tentou inscrever o adolescente em um curso na área.

 

Dilson Antonio Alves, pai de Karoline, detalhou o que a filha representava para ele e os familiares.

 

O caso

 

O assassino, de 21 anos, entrou na escola na manhã de segunda-feira (19) dizendo que solicitaria documentos. Ele era ex-aluno da instituição.

 

Dentro do local, ele fez pelo menos 16 disparos. Segundo o secretário de segurança púbica Hudson Teixeira, o rapaz deu tiros no corredor do colégio e foi até o local em que as vítimas participavam de uma aula de Educação Física.

 

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que com o criminoso foi apreendida uma arma, um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, em São Paulo, além de uma machadinha e carregadores de revólver.

 

Assassino encontrado morto

 

Na noite de terça-feira (21), o assassino foi encontrado morto na Casa de Custódia de Londrina, onde estava detido.

 

A causa da morte não foi divulgada.

 

Segundo a Sesp, o detendo dividia a cela com o outro suspeito, de 21 anos, que é investigado por ter participado da ação.

 

A Polícia Civil disse que investiga a morte.

 

Dois suspeitos presos

No dia do crime, um outro homem de 21 anos foi preso por suspeita de participação na ação. A polícia não detalhou qual o tipo de envolvimento dele com o caso. No mesmo dia, um adolescente de 13 anos foi conduzido até a delegacia, ouvido e liberado.

 

Na quarta (21), um terceiro suspeito foi preso, este com 18 anos de idade. A prisão aconteceu em Gravatá, em Pernambuco, e o mandado de prisão foi expedido a pedido de autoridades do Paraná.

 

O delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Amarantino Ribeiro, que conduz as investigações, informou que outros suspeitos podem ser identificados.

 

Segundo a Polícia Civil, não há prazo para a conclusão do inquérito.

 

Por g1 PR e RPC Londrina